O mercado de minério de ferro está prestes a passar por uma transformação significativa com o início da produção na supermina de Simandou, na Guiné-Conacri. Localizado em uma cadeia de montanhas de mais de 100 quilômetros, estima-se que o depósito contenha mais de 2,2 bilhões de toneladas de minério de ferro de alta qualidade, o suficiente para atender à demanda global de 1,6 bilhão de toneladas por ano. Especialistas preveem que o preço por tonelada nunca mais excederá US$ 1.000.
No passado, o preço do minério de ferro ultrapassou US$ 200 devido a problemas de distribuição durante a pandemia. No entanto, prevê-se que tais preços não se repitam. Nos próximos anos, a mina Simandou inundará o mercado com minério de ferro de alta qualidade.
A mina deve começar a operar no ano que vem, com uma produção inicial de 5 milhões de toneladas, aumentando gradualmente para 90 milhões de toneladas até 2028. Com uma capacidade nominal de 120 milhões de toneladas, o mercado deve se reequilibrar e os produtores de alto custo serão forçados a sair, dizem analistas.
Impacto no mercado e na demanda
Simandou promete uma mudança radical no mercado de minério de ferro, essencial para a produção de aço, usado em quase todas as indústrias e na construção. Atualmente, o fornecimento global depende muito da Austrália, onde empresas como Rio Tinto e BHP desfrutam de altas margens graças ao crescimento da China.
No entanto, a desaceleração da economia chinesa está aumentando as preocupações sobre a demanda. O setor imobiliário, que historicamente tem sido uma fonte essencial de demanda, está em crise, e o governo está buscando limitar a produção de aço.
A mina Simandou, que enfrentou atrasos por mais de uma década, está finalmente pronta para operar, o que pode afetar drasticamente o benchmark do minério de ferro, fixado em cerca de US$ 100 por tonelada. Líderes de mercado como Rio Tinto e BHP se beneficiam de baixos custos de extração, sendo negociados entre US$ 18 e US$ 24 por tonelada.
Novas Perspectivas de Custo
Espera-se que Simandou entre no mercado a custos competitivos, com previsões de produção entre US$ 20 e US$ 35 por tonelada. No longo prazo, espera-se que os preços do minério de ferro se estabilizem abaixo de US$ 68.
No entanto, preços baixos podem levar à saída de minas com altos custos operacionais. Por exemplo, a Mineral Resources anunciou o fechamento de seu projeto Yilgarn na Austrália Ocidental. Embora o fornecimento africano ainda não tenha chegado ao mercado, suprimentos mais baratos de outras minas estão sendo procurados.
A atual situação do mercado, marcada pela fraca demanda na China e oferta abundante, fez com que os preços caíssem abaixo de US$ 40. Esse ambiente desafiador lembra as dificuldades enfrentadas pela indústria após a crise financeira de 2008, quando a China tentou conter sua expansão.