lunes, marzo 17

Sidônio Palmeira deve adotar tom conciliador e foco estratégico na comunicação do governo Lula

Com a chegada de Sidônio Palmeira ao comando da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), a expectativa entre aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é de uma mudança significativa no tom e na estratégia de comunicação do governo. O publicitário baiano, que foi peça-chave na campanha presidencial de 2022, é visto como alguém capaz de alinhar as diferentes frentes de comunicação do governo e fortalecer a imagem da gestão de Lula em seu terceiro mandato.

De acordo com integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) que acompanham de perto as mudanças na Secom, Sidônio deve concentrar esforços em construir uma identidade sólida para o governo, destacando programas e projetos que possam aumentar a popularidade do presidente e de sua administração. A ideia é estabelecer uma narrativa unificada, com uma comunicação mais coesa entre os diversos órgãos governamentais, evitando mensagens dispersas ou desalinhadas que possam enfraquecer o impacto das ações do governo.

«O objetivo é garantir que todos os ministérios e secretarias sigam uma linha única de comunicação, apresentando ao público uma visão clara e integrada dos avanços e realizações do governo», comenta um petista próximo às negociações.

Revisão de contratos e publicidade mais eficiente

Outro ponto que deve receber atenção especial na gestão de Sidônio Palmeira é a revisão dos contratos de publicidade do governo. Fontes próximas ao Planalto indicam que a Secom realizará uma análise detalhada para identificar áreas onde os investimentos em propaganda não geraram resultados satisfatórios. Até agora, há críticas internas sobre a baixa visibilidade de projetos importantes, que poderiam ter maior impacto na opinião pública.

Um dos programas que deve ganhar maior destaque é o «Pé-de-Meia», iniciativa que oferece uma poupança a jovens que concluírem os estudos. Apesar de seu potencial de apelo popular, o programa ainda não recebeu a devida atenção na comunicação governamental, algo que a nova gestão da Secom pretende corrigir.

Além disso, há uma preocupação crescente com a eficiência dos gastos em publicidade, especialmente nas redes sociais. Em 2024, a Secom gastou cerca de R$ 30 milhões apenas em campanhas promovidas em grandes plataformas digitais. A avaliação é que, embora as redes sejam uma ferramenta indispensável, a estratégia atual tem falhado em engajar o público de forma significativa.

«O governo tentou reproduzir o modelo de comunicação do bolsonarismo nas redes sociais, com postagens que incluíam críticas veladas à oposição e um tom mais agressivo. Isso não funcionou, e é algo que deve ser abandonado na nova fase», afirma uma fonte próxima do presidente.

A nova abordagem não significa necessariamente uma redução nos investimentos em publicidade digital. Pelo contrário, os gastos podem até aumentar, mas serão direcionados por uma estratégia mais bem definida, que priorize a construção de uma imagem positiva do governo e amplie o alcance de suas mensagens.

Redes sociais como prioridade estratégica

As redes sociais continuarão a ser um elemento central na comunicação do governo, mas o tom e a abordagem devem mudar. A gestão de Sidônio Palmeira promete abandonar o estilo considerado «truculento» por alguns aliados, substituindo-o por uma linguagem mais conciliadora e menos polarizadora. O objetivo é atrair um público mais amplo e reduzir a resistência de setores que ainda enxergam o governo com desconfiança.

A ideia é que as redes deixem de ser apenas um canal de confronto político e passem a ser utilizadas de forma mais estratégica, destacando conquistas e iniciativas que impactam positivamente a vida da população. A mudança de tom é vista como essencial para reverter a percepção negativa que ainda persiste em uma parcela significativa da sociedade.

Embora a comunicação digital seja considerada indispensável, a nova gestão da Secom também pretende reforçar o uso de veículos tradicionais, como televisão e rádio, para alcançar públicos que não estão tão presentes nas redes sociais. Essa abordagem híbrida busca garantir que as mensagens do governo cheguem a todas as camadas da população, ampliando o alcance das ações e reforçando a imagem da administração Lula.

Desafios e expectativas para a nova gestão

A chegada de Sidônio Palmeira à Secom representa uma oportunidade para o governo Lula ajustar sua comunicação em um momento crucial. Com a base de apoio no Congresso ainda em construção e desafios econômicos e sociais pela frente, a percepção pública do governo será determinante para sua capacidade de implementar políticas e fortalecer sua posição política.

Para aliados de Lula, a escolha de Sidônio reflete a necessidade de um profissional experiente e estrategista, capaz de corrigir os erros da comunicação nos primeiros meses de governo. Sua proximidade com o presidente e seu histórico de sucesso em campanhas eleitorais são vistos como trunfos importantes para essa nova fase.

A expectativa é que a Secom passe a operar de forma mais integrada e eficiente, com uma comunicação que não apenas informe, mas também engaje e inspire confiança na população. Enquanto isso, dentro e fora do governo, a chegada de Sidônio Palmeira é acompanhada com otimismo cauteloso, diante do desafio de reverter as falhas do passado e construir uma narrativa que fortaleça a gestão de Lula em seu terceiro mandato.

Com uma estratégia mais clara e um tom que privilegie o diálogo, Sidônio pode ser a peça-chave para consolidar uma comunicação que reflita os valores e as prioridades do governo, ao mesmo tempo em que aproxima o Planalto dos anseios da sociedade.

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